terça-feira, 18 de março de 2014

Por Vanir Junior e Gabriela Ribeiro

O Manifesto Comunista (1848), escrito por Marx e Engels e
O 18 Brumário de Luís Bonaparte (1851/1582), escrito por Marx
1 - Introdução:

O estudo das teorias marxistas, sobretudo, no que diz respeito ao entendimento do Estado capitalista, por vezes, é compreendido e ensinado de forma reducionista, não apenas em instituições de educação básica, mas também no meio acadêmico.
É comum se definir a visão de Marx a respeito do Estado capitalista somente pela leitura do Manifesto Comunista, obra que apresenta um caráter restrito ou abstrato (COUTINHO, 1996, p.p.13-17)  a respeito do assunto. Entretanto, a teoria de Marx não se limita ao que está proposto no Manifesto. A mesma amadureceu e mostrou novas clivagens sobre o que Marx compreendia a respeito do Estado capitalista, passando por aquilo que Carlos Nelson Coutinho denominou de “ampliação do conceito de Estado” (COUTINHO, 1996, p. 14). Houve em tal processo a passagem de uma concepção restrita ou abstrata para uma concepção ampla ou concreta do Estado, estando esta última claramente presente no livro 18 Brumário de Luís Bonaparte (COUTINHO, 1996, p, 16).
Tal obra, mesmo não sendo necessariamente específica sobre teoria do Estado e seu funcionamento, traz passagens que revelam novas possibilidades de compreensão do Estado capitalista. O 18 Brumário difere do que foi proposto por Marx e Engels no Manifesto e permitiu a autores como Renato Perissinoto e Adriano Codato, em oposição a outros como Norberto Bobbio (que considerava a noção de Estado do Manifesto insuficiente e parcial) (CODATO; PERISSINOTO, 2001, p. 13), afirmarem a existência de uma “Teoria Marxista do Estado” concreta presente em Marx, a partir do 18 Brumário (CODATO; PERISSINOTO, 2010, p. 31).
Se no Manifesto Comunista Marx traz uma concepção instrumentalista do Estado capitalista – muitas vezes considerada simplista e insuficiente como teoria de Estado  –, partir da idéia de que o mesmo é um comitê dos negócios de toda a burguesia e que seu caráter depende de quem o controla, no 18 Brumário esta questão se complexifica, a partir do entendimento de que o Estado e todo o seu aparelho burocrático-administrativo trazem em si uma marca de classe, que não se apaga com a simples tomada do aparelho ou instrumento de poder pelo proletariado. Neste sentido, o objetivo deste trabalho, ainda que de forma não tão aprofundada, é justamente mostrar esta diferença conceitual, através de apontamentos sobre como Marx conceituou o Estado no Manifesto Comunista e como este conceito se modificou no 18 Brumário de Luís Bonaparte.  
Deste modo, primeiramente, trabalharemos o Manifesto Comunista e localizaremos a concepção instrumentalista proposta por Marx a respeito do Estado capitalista, bem como seus limites (a partir da questão da autonomia dos Estado). Em segundo lugar, mostraremos a mudança de direção conceitual que ocorreu no 18 Brumário, com base na já mencionada teoria da “ampliação do conceito de Estado” de Carlos Nelson Coutinho.

2 – O Manifesto Comunista: a concepção instrumentalista do Estado e seu limite:

 Nesta obra escrita por Karl Marx e Friedrich Engels em 1848, publicada como um panfleto no mesmo ano, é possível identificar temáticas em torno do significado do Estado capitalista, o que marca uma das principais oposições de Marx com relação a Hegel. Enquanto este último, grosso modo, afirmou que o Estado paira sobre a sociedade, para Marx o Estado tem um caráter de classe, que garante a dominação da classe dominante sobre o restante da sociedade . Ou seja, o Estado não existe para atender a todos, mas, sim, determinada parcela da sociedade, não expressando uma vontade geral (COUTINHO, 1996, p.p. 17-20).
Entretanto, o Manifesto não é a primeira obra de Marx a expor tal concepção. Coutinho identifica que Marx, antes mesmo do Manifesto, já havia exposto tal idéia em outras obras, como nos Manuscritos Econômicos-Filosóficos, do ano de 1844, no qual Marx já indica a esfera particularista do Estado como resultado das classes antagônicas. Coutinho diz que:

O Estado deixa, então, de lhe aparecer apenas como a encarnação formal e alienada do susposto interesse universal, passando a ser visto como um organismo que exerce uma função precisa: garantindo a propriedade privada, o Estado assegura e reproduz a divisão da sociedade em classes […] e, desse modo, garante a dominação dos proprietários dos meios de produção sobre os não-proprietários, sobre os trabalhadores diretos. O Estado, assim, é um Estado de classe: não é a encarnação da Razão Universal, mas sim uma entidade particular. (COUTINHO, 1996, p.p, 19-20)


Marx também expressa este pensamento na Ideologia Alemã (COUTINHO, 1996, p. 19), obra na qual afirma que o Estado alcançou uma existência particular, se colocando fora da sociedade civil, sendo uma mera forma organizativa burguesa. No Manifesto Comunista, Marx dá continuidade a esse pensamento, buscando estabelecer relação entre o mesmo e a necessidade de uma revolução socialista (COUTINHO, 1996, p. 20). A respeito do caráter particularista do Estado, isso fica claro quando Marx diz que “a burguesia, desde o estabelecimento da grande indústria e do mercado mundial, conquistou, finalmente, a soberania política exclusiva no Estado representativo moderno.” (MARX, 1848, p.42).
            Aqui Marx afirma como o Estado passou a servir à burguesia, nova classe dominante após romper com a dominância absolutista e resquícios feudais que vigoraram até o século XVIII (MARX, 1848, p.42). Segundo esta concepção presente no Manifesto, o Estado passou a atender os interesses particulares da burguesia. Marx afirmou que a visão de Hegel a respeito da burocracia estatal, na qual o Estado representa um interesse geral, não passava de uma aparência (COUTINHO, 1996, p. 18). E é justamente esta lógica particularista que causa a divisão de classes antagônicas na sociedade (COUTINHO, 1996, p. 19). E isto se dá porque o “executivo no Estado moderno não é senão um comitê para gerir os negócios comuns de toda a classe burguesa” (MARX, 1848, p. 42).
Revela-se, deste modo, que Marx entende, no Manifesto Comunista, o Estado por uma lógica instrumentalista (CODATO; PERISSINOTO, 2010, p. 33). Quando se refere ao “Estado Moderno”, Marx está fazendo referência ao Estado capitalista (CODATO; PERISSINOTO, 2010, p. 33). Este Estado atenderia e administraria os negócios comuns da burguesia simplesmente porque está dominado por ela. É controlado diretamente pelos membros da burguesia (PERISSINOTO, 2010, p. 33). Sendo um instrumento, seu uso depende de quem usa. A posição de dominância da burguesia se manteria porque “o poder político é o poder organizado de uma classe para a clara opressão da outra”(MARX, 1848, p. 59). O Estado, dominado pela burguesia, classe dominante, utilizaria elementos coercitivos e repressivos para manter o proletariado subordinado (COUTINHO, 1996, p. 20).
Logo, a proposição de Marx no Manifesto é a de tomada do poder pelo proletariado, de forma que o mesmo se fizesse classe dominante. Quando isso ocorresse, o Estado, compreendido como instrumento, poderia ser manejado para que os fins da classe, até então dominada, fossem alcançados. Neste sentido, o Estado perderia o seu caráter burguês. O instrumento estatal passaria a ser utilizado em favor dos trabalhadores e a burguesia seria desapropriada do controle do Estado.

O proletariado utilizará sua supremacia política para arrancar pouco a pouco o capital da burguesia, para centralizar todos os instrumentos de produção nas mãos do Estado, isto é, do proletariado organizado como classe dominante, e para aumentar o mais rapidamente possível o total das forças produtivas. (MARX, 1848, p. 58).

Ao fim deste processo, ou seja, quando a sociedade deixasse de ser desigual, sem classes antagônicas, por um processo de transformação socialista, a própria dominação do proletariado como classe se encerraria:

Se o proletariado, em sua luta contra a burguesia, se organiza forçosamente como classe, se por meio de uma revolução se converte em classe dominante e como classe dominante destrói violentamente as antigas relações de produção, as condições de existência dos antagonismos entre as classes, destrói as classes em geral e, com isso, sua própria dominação como classe (MARX, 1848, p. 59).

Segundo Coutinho, o Manifesto expressa uma concepção restrita do Estado, na qual este “seria a expressão direta e imediata do domínio de classe (‘comitê executivo’), exercido através da ‘coerção’” (COUTINHO, 1996, p. 20). Ela se concentra apenas em uma determinação político- estatal para explicar a dominância de classe, com pequeno grau de complexificação ou concretização da realidade objetiva, sendo, por este motivo, restrita (COUTINHO, 1996, p. 14).
Codato e Perissinoto afirmam que, muitas vezes, esta concepção presente no Manifesto levou à afirmações de que as proposições de Marx a respeito do Estado eram simplistas, pois, para Marx, o Estado seria “um mero instrumento manipulável que a classe economicamente dominante utilizaria para impor a sua política e os seus interesses” (CODATO; PERISSINOTO, 2010, p. 33).  E, de fato, deve-se levar em consideração que, no Manifesto, Marx e Engels não são explícitos o suficiente a respeito de como o Estado faz valer sua natureza de classe (COUTINHO, 1996, p. 20). Apenas se remetem ao seu caráter de repressor das classes dominadas.
Entretanto, Codato e Perissinoto dizem que é necessário atentar para o fato de que, quando Marx fala de “negócios comuns da burguesia”, ele expressa que, embora o Estado seja um instrumento, isso não o impede de ter determinada autonomia. Em que sentido? Quando se fala em “negócios comuns”, é possível descartar a idéia de que o Estado atua em favor dos negócios particulares da burguesia. Não é qualquer burguesia ou fração da mesma que o Estado atua em favor. Quando se fala que o Estado atua em favor dos negócios comuns, isso ocorre em detrimento dos negócios particulares da burguesia (CODATO; PERISSINOTO, 2010, p. 33). Assim, é possível comprovar certo grau de autonomia do Estado, mesmo no que diz respeito aos interesses da classe dominante. Então, a idéia do Estado como instrumento presente no Manifesto é algo real, mas tem limites.
É necessário uma leitura cuidadosa do Manifesto, uma vez que, por mais que a narrativa possa nos induzir a entender o Estado como neutro (e, neste sentido, seu caráter dependeria de quem o controlasse), Marx também deixa a entender que o mesmo tem autonomia, ainda que possamos entendê-la como relativa. E, deste modo, o mesmo não seria tão neutro como se pensou por muito tempo nos campos marxistas de pesquisa. A questão da autonomia do Estado é um dos pontos principais para o entendimento do 18 Brumário de Luís Bonaparte (CODATO; PERISSINOTO, 2010, p. 33), como será abordardo no próximo tópico. 

3 – O Conceito de Estado presente no 18 Brumário:
           
No 18 Brumário de Luís Bonaparte há uma virada teórica a respeito da concepção do Estado capitalista presente no Manifesto (CODATO; PERISSINOTO, 2010, p. 34). Em tal obra é possível falar de uma análise mais complexa e concreta sobre o Estado, sendo classificada, conforme Coutinho, como uma concepção ampliada de Estado, pois articulou a noção abstrata presente no Manifesto com elementos da realidade concreta, o que resultou numa análise marcada por maior nível de complexificação.
Em resumo, pode-se dizer que Marx passa a identificar nesta obra uma série de classes e frações de classe – contrariamente ao Manifesto, no qual Marx faz divisão da sociedade em dois polos opostos, sendo um a burguesia e o outro proletariado (COUTINHO, 1996, p. 16). Entre estas variadas classes apontadas por Marx, pode-se falar da burguesia industrial, comercial, financeira, proletariado, campesinato, lúmpen-proletariado, entre outras (MARX, 1851, p. 217).
Estas classes, em disputa, perpassam o Estado, que não é um bloco monolítico, não estando o mesmo centrado em uma única classe. Entretanto, determinadas classes controlam mais o Estado que outras, por terem maior representação política. As classes que detêm maior controle são capazes de imprimir sua marca (CODATO; PERISSINOTO, 2010, p. 35) no funcionamento estrutural do Estado. E este tem sua autonomia para administrar os negócios das classes que conseguem impor sua marca.
Em meio à situação de embate entre as várias classes, ocorreu a subida de Napoleão III ao poder (MARX, 1851, p. 200), o que comprovou a autonomia do Estado (algo já presente no Manifesto, como foi mostrado no tópico anterior). Entretanto, esta autonomia atuou tomando partido de determinada fração de classe (a burguesia moderada). Esta autonomia do Estado era relativa, uma vez que ainda permanecia atrelada aos interesses de classe. Com a situação de embate de classes, Napoleão é aquele que se coloca acima dos conflitos. Mas isto era apenas aparência. Em meio às várias disputas de classe na França do século XIX, Luís Bonaparte sobe ao poder por influência da burguesia contra às várias reivindicações sociais e políticas populares cada vez mais constantes na Segunda República Francesa.
                                                          
A Assembléia Nacional, que se reuniu em 4 de maio de 1848, saída do sufrágio da nação, representava a nação. Era um protesto vivo contra as pretensões das jornadas de fevereiro e devia reduzir ao nível burguês o resultado da revolução. Em vão o proletariado de Paris, que compreendeu imediatamente o caráter dessa Assembléia Nacional, tentou em 15 de maio, poucos dias depois de esta se reunir, interromper pela força a sua existência e dissolvê-la, decompor de novo nas suas diferentes partes integrantes a forma orgânica com que o espírito de reação da nação o ameaçava. Como é sabido, o 15 de maio não teve outro resultado do que afastar da cena pública […] Blanqui e camaradas, isto é, os efetivos chefes do partido proletário. (MARX, 1851, p. 216)

           
            Outro ponto que diz respeito à autonomia do Estado é referente ao processo que conduz ao golpe de 1851, quando frações de classe burguesas, uma parlamentar e outra extraparlamentar, passam a disputar influência política e vão progressivamente se distanciando. A última, através de manobra política, abre mão de seu poder político e apóia o golpe de Luís Bonaparte e mais uma vez o Estado se faz autônomo frente às classes. Contudo, de forma relativa, já que, como resultado, ocorre sua autonomização na ampliação dos negócios privados da burguesia (CODATO; PERISSINOTO, 2010, p.p. 36-38).

a massa extraparlamentar da burguesia, pelo seu servilismo face ao presidente, pelos seus insultos ao Parlamento, pelo mau trato brutal da própria imprensa, levava Bonaparte a oprimir, a aniquilar a parte dela que falava e que escrevia, os seus políticos e os seus literatos, a sua tribuna e sua imprensa, podendo assim entegrar-se plenamente confiante aos seus negócios privados sob a proteção de um governo forte e ilimitado. (MARX, 1851, p. 306).


Outra idéia presente no 18 Brumário é que o Estado traz em si uma marca de classe e, independente de quem venha a controlá-lo, esta marca de classe se fará presente. Percebe-se aqui a grande diferença com o Manifesto, pois o Estado deixa de ser um mero instrumento, que será condicionado de acordo com quem o opera. Logo, é necessário que este Estado seja destruído e não simplesmente ocupado pelo proletariado. Por mais que o Estado possa ser ter autonomia, ele não é imparcial e mesmo que aparentemente se coloque sobre a lógica dos embates de classe (como no caso de Napoleão III), seu direcionamento acaba pendendo para a marca de classe imposta ao seu aparelho que, como explicamos, depende da representação política de classe. No contexto em que Marx escreve sua obra, o Estado está perpessado pela dominância burguesa (apesar desta não ser a única).
E desta forma, independentemente de estar controlado pela burguesia – o que nos permite falar de sua autonomia –, o Estado garante sua dominação. É a partir disso que Codato e Perissinoto apontam que “uma das grandes inovações da temáticas do O 18 Brumário foi ter sugerido que a natureza de classe do Estado capitalista independe do seu controle direto pela burguesia.” (2010; p. 38).
É neste sentido que Marx diz o seguinte, no capítulo VII do 18 Brumário:

Finalmente, a república parlamentar, na sua luta contra a revolução, viu-se obrigada a fortalecer, juntamente com as medidas repressivas os meios e a centralização do poder do governo. Todas as revoluções aperfeiçoavam essa máquina, em vez de a destruir. (MARX, 1851, p. 322).

4 – Conclusão:

Segundo Lênin, em sua obra “O Estado e a Revolução”, o 18 Brumário de Luís Bonaparte está um passo à frente do Manifesto. Neste último, Lênin diz que a questão do Estado é abstrata em suas noções. Já no 18 Brumário, a questão do Estado é concreta e conclui que todas a revoluções apenas serviram para aperfeiçoar o Estado, mas há a necessidade de destruí-lo (LÊNIN, 1917, p. 240).
Logo, é possível dizer, contrariamente ao pensamento de Norberto Bobbio, apesar de não ter redigido especificamente um livro sobre o Estado, Marx estabeleceu clara teoria do Estado a partir do 18 Brumário: um Estado que traz em si uma marca de classe burguesa e que, mesmo que venha a ser controlado pelo proletariado, é necessário que seja destruído para se dê fim ao sistema burguês que está no “DNA” do aparelho burocrático-administrativo do Estado. A autonomia relativa do Estado serviria para garantir a dominação de classe. 
Além disso, por mais simples que a teoria a respeito do Estado contida no Manifesto possa ser ( considerada incompleta e parcial), é importante ressaltar que é ela quem fornece a primeira reflexão a respeito de uma autonomia do Estado, que será plenamente desenvolvida no 18 Brumário.

5 - Referências Bibliográficas:

CODATO; PERISSINOTO. Marx e seu Legado para a Teoria Contemporânea do Estado Capitalista. BIB: São Paulo, nº 70, 2º Semestre de 2010, p.31-50.

______________________. O Estado como instituição. Uma leitura das “obras históricas” de Marx. In: Crítica Marxista Artigos, 2001.

COUTINHO, Carlos Nelson. Marxismo e Política. A dualidade de poderes e outros ensaios. São Paulo: Cortez Editora, 1996.

LENIN, V. O Estado e a Revolução. São Paulo: Editora Alfa-Ômega, 1980.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto Comunista (1848). Org.: Osvaldo Coggiola. São Paulo: BoiTempo, 1998.

MARX, Karl. O 18 Brumário de Luís Bonaparte. São Paulo: Boitempo, 2011.

Sites das imagens:

http://www.anitagaribaldi.com.br/produtos/667/livros/socialismo-e-marxismo/o-18-de-brumario-de-luis-bonaparte.html
http://cienciassociaisnarede.blogspot.com.br/2010/03/manifesto-do-partido-comunista-resenha.html

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