O Livro “Frankenstein” como Fonte Histórica Específica
Por Cristiane Nice
Atualmente, o trabalho com fontes ou documentos históricos é avaliado como uma das metodologias fundamentais em sala de aula, pois amplia o conhecimento sobre o trabalho do Historiador, instiga a observação e permite uma maior reflexão sobre os conteúdos dos documentos.
De acordo com Fonseca (1995),
“A incorporação de diferentes linguagens e fontes na disciplina de História torna o processo de transmissão e produção de conhecimento dinâmico e interessante.” (FONSECA, 1995:53)
O discurso literário e o discurso histórico têm em comum o fato de serem narrativos. O discurso histórico visa explicar o real através de testemunhos, dos documentos, que comprovam e evidenciam o acontecido. A obra de ficção não tem o compromisso, nem preocupação de explicar o real, nem tampouco comprovar os fatos.
Fonseca (1995) entende que “A literatura é um produto artístico com raízes no social. [...] Assim, o Historiador é atraído não pela realidade e sim pela possibilidade.” (FONSECA, 1995:54)
Desde a antiguidade a linguagem tem sido um instrumento no qual os escritores escolhem e empregam o vocábulo de modo a produzir efeitos dos mais variados no imaginário do leitor. A manifestação artística através do texto literário possibilita ao escritor expressar seus sentimentos através das palavras sem se preocupar com a realidade, os limites éticos e as significações objetivas. Várias particularidades podem colaborar com os temas aplicados na literatura, como o período histórico, a cultura e a classe social em que estão inseridos os autores das obras em questão.
Estas particularidades são bastante claras no romance gótico “Frankenstein” ou “Moderno Prometeu” de Mary Shelley, de 1818, onde a desconfiança na ciência e o comportamento social dos personagens demonstram nitidamente o contexto histórico em que a autora viveu.
Mas, por que o Livro “Frankenstein” ou “Moderno Prometeu” de Mary Shelley? Porque a obra aborda o século XVIII, com suas transformações Sociais e Econômicas, a Fé no Homem e na Ciência e a Reação da Igreja diante dos limites da Ciência, ou seja, o Iluminismo, o Discurso Científico e o Discurso Religioso.
Consideremos uma pequena parte da grandiosa obra da jovem Senhora Mary Shelley:
“[...] É difícil conceber a variedade de sentimentos que me impeliram para frente, no primeiro arrebatamento do êxito. Eu seria o primeiro a romper os laços entre a vida e a morte, fazendo jorrar uma nova luz nas trevas do mundo. Seria o criador de uma nova espécie – seres felizes, puros, que iriam dever-me sua existência. Indo mais longe, desde que eu tivesse a faculdade de dar a vida à matéria, talvez, com o passar do tempo, me viesse a ser possível (embora esteja agora certo do contrário) restabelecer a vida nos casos em que a morte, no consenso geral, relegasse o corpo à decomposição. Ressurreição! Sim, isso seria nada menos que o poder de ressurreição. (SHELLEY, 2007: 56)
Podemos pensar: “-Será que a obra fictícia de Mary Shelley representa a visão da autora sobre a sociedade em que ela vivia?” Analisemos o que Fonseca (1995) diz:
“A leitura de textos literários, reservando as especificidades artísticas, pode oferecer pistas, referências do modo de viver, dos valores e costumes de uma determinada época. (FONSECA, 1995:54).
Sem dúvida é uma fonte que auxilia uma problematização histórica, pois, ao ser exposta, proporciona múltiplas maneiras de ensino e questionamentos fazendo com que o conhecimento histórico seja ensinado de forma a possibilitar a participação do processo de fazer a História.
Referências Bibliográficas:
• FONSECA, Selva Guimarães. O uso de diferentes linguagens no ensino de História e Geografia. Ensino em Revista. Jan/dez. 1995.
• SHELLEY, Mary. Frankenstein. Coleção A obra-prima de cada autor. São Paulo. Editora Martin Claret, 2007.
• FONSECA, Selva Guimarães. O uso de diferentes linguagens no ensino de História e Geografia. Ensino em Revista. Jan/dez. 1995.
• SHELLEY, Mary. Frankenstein. Coleção A obra-prima de cada autor. São Paulo. Editora Martin Claret, 2007.
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